Game of Thrones | O excesso de teorias e especulações sobre a série é realmente prejudicial?

Depois de 6 temporadas extremamente bem sucedidas, Game of Thrones entrou em sua reta final com suas duas últimas temporadas. Com número de episódios reduzidos, essas novas temporadas estão apresentando um ritmo muito mais acelerado para concluir toda a saga.

Com um cenário para o desfecho se formando, é comum que o público especule e teorize ainda mais sobre acontecimentos futuros da série e o final da história, ainda mais se tratando de uma série cheia de preciosismo como Game of Thrones, que sempre trabalhou muito bem os detalhes da história e os elementos que inseriu na série desde seu início. Assim, durante a exibição de sua sétima e penúltima temporada, a internet está sendo tomada por diversas teorias, mirabolantes ou não, e especulações, absurdas ou não, o que tem deixado uma parcela do público incomodada. Assim, fica a pergunta:

O excesso de teorias e especulações sobre a série é realmente prejudicial?

Apresentando um dos universos mais ricos já apresentados na literatura fantástica mainstream, As Crônicas de Gelo e Fogo segue angariando fãs que não só se apaixonaram pela história de Daenerys, Jon Snow, Tyrion e cia., mas pelo mundo onde estes personagens habitam. A franquia vai muito além de Game of Thrones, tendo outros contos publicados que agradam ao público tanto quanto a saga original. Desta maneira, é muito fácil se transportar para este universo e se ver absorto ante a quantidade de informação disponível sobre o Mundo de Gelo e Fogo.

A história contada na série não começa de repente, George R.R. Martin deixou um background riquíssimo para servir de base para os conflitos que nos foram apresentados. E como os livros ainda não concluíram a saga e dependem do longínquo lançamento dos próximos livros, o que resta aos fãs é sonhar e especular com os futuros eventos da saga.

Já na série de TV, o cenário é um pouco diferente, já que não precisamos esperar muito mais do que um ano para ver a história tendo continuidade. Obviamente, a adaptação para a televisão deu uma grande simplificada nos desdobramentos do evento, o que é compreensível dado o detalhismo com que Martin trabalha seus livros. Contudo, isso não tem diminuído a quantidade de teorias apresentadas na internet.

Seja sobre o Azor Ahai (ou Príncipe Prometido), seja sobre a paternidade de Jon Snow ou até mesmo sobre a falta de cabelos de Lorde Varys, existe uma teoria sobre o assunto e, apesar de muitos acreditarem ser uma perda de tempo, está é uma das parte mais interessantes da experiência.

Poucas vezes o público se uniu em torno de um produto como temos visto com Game of Thrones. Após a exibição de um episódio, os fóruns explodem em teorias, interpretações, discussões, unindo pessoas de diversas nacionalidades e contextos em prol de um produto midiático, com debates que irão durar até a exibição do próximo episódio, que só trará mais conteúdo para ser discutido. Para aqueles que gostam, isso só complementa a experiência que, do contrário, só teria a duração de 1h por semana.

Talvez o único fenômeno que tenha causado uma mobilização semelhante seja LOST em seu período de exibição. Quem viveu aquela época sabe como os fóruns ferviam com teorias, easter-eggs e especulações. Foram anos assistindo e reassistindo episódios, buscando por detalhes em cada cena e lendo e escrevendo as mais diversas teorias sobre o que seria a ilha, a escotilha, Jacob ou o final da série. Inclusive, algumas teorias desenvolvidas pelo público era melhores do que o final apresentado.

Quem acompanhou LOST naquele período sabe que série nunca seria a mesma se não fosse a mobilização e união do público, parte fundamental da experiência. Hoje, 8 anos após o final de LOST, a série dificilmente causa o mesmo impacto naqueles que resolvem se aventurar pela primeira vez na ilha misteriosa, em grande parte por não poder fazer parte da “consciência coletiva” formada durante sua exibição.

Obviamente, este não deve ser o caso com Game of Thrones, que apresenta uma história brilhante, envolvente e que independe de mistérios para prender o público. Contudo, trocar ideias, dividir teorias e discutir os mínimos detalhes ajudam a enriquecer a experiência e ampliar a imersão. Que triste seria as discussões fossem limitadas, as teorias fossem tolhidas e as experiências tivessem que ser guardadas para si. O mundo de Game of Thrones é rico demais para permanecer em apenas uma mente.

Entretanto, nem todos são capazes de elaborar teorias bem trabalhadas ou até mesmo assimilar todos os detalhes apresentados na série para se situar. Assim, muita teoria ruim surgirá, bem como pessoas que não entenderam muita coisa dos eventos passados da série, o que é normal. Esta seria uma oportunidade da união do público mostrar a sua força e ajudar aqueles nutrem essa paixão pela série assim como os entendidos. Toda discussão é válida.

Tudo na vida é opcional. Escrever teorias sobre Game of Thrones, bem como lê-las, é uma faculdade de quem acompanha a saga. Contudo, dizer que estas especulações são prejudiciais à série soa muito mais como alguém de fora que não se sente incluso e sofre por isso. Boas ou ruins (lembrando que tudo tem limite), as teorias nos ajudam a mergulhar ainda mais neste universo fantástico e a unir o público em torno da série que amamos. Anos se passarão após o final da série e, assim como LOST, boa parte das lembranças serão das discussões.

Game os Thrones está sendo exibida aos domingos no canal pago HBO.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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