Esse ano não tem jogo AAA de Assassin’s Creed. Por quê isso é ótimo!?

De acordo com informações recentes do site Kotaku, a Ubisoft planeja lançar o próximo o jogo da série “Assassin’s Creed” apenas em 2017. Até o momento não temos muitas informações do jogo, exceto que estão o chamando de “Empire” e que ele pode se passar no antigo Egito. Diante disso não teremos nenhum outro jogo de Assassins Creed em 2016 além do Chronicles: India, jogo de plataforma da saga, que será lançado somente em formato digital em 12 de Janeiro de 2016. Então ficaremos um tempo sem ver um lançamento grande da franquia Assassin’s Creed.

Mas por quê isso é bom!? Para entender, precisamos dar uma rápida recapitulada na série até aqui.

Assassins_Creed_I

Assassin’s Creed teve seu primeiro jogo lançado em 2007, com estética inovadora, história intrigante (apesar de confusa) e um potencial incrível. Mas o jogo não era perfeito, tinha uma jogabilidade repetitiva, era basicamente visitar uma cidade, olhar as áreas do alto e assassinar alguém. Essa sequência se repetia durante todo o jogo. O Storytelling também era bem confuso, todo contado através de diálogos pontuais. Não era tão simples acompanhar tudo que se passava, e pudemos conhecer muito pouco sobre Altair, protagonista do jogo, que se tornou um personagem bem vazio. Mas o jogo fez um sucesso relativo, o que garantiu uma continuação já em 2009.

Assassins Creed II

Assassin’s Creed II foi lançado em novembro de 2009. O jogo prometia melhorar o que já era bom no primeiro jogo e sanar os defeitos, como a jogabilidade repetitiva, combate travado e outros mais. A história dessa vez se mostrou mais relevante, fomos apresentados a Ezio Auditore da Firenze, novo protagonista da série. Dessa vez o personagem é mais carismático e tem um arco relevante. O jogo contava a história de como Ezio, em busca de vingança pela morte de seus pais, ingressou na uma irmandade dos assassinos. Apesar das melhorias, Assassin’s Creed II continuou com algumas falhas, como o combate não ser nem um pouco fluido, ainda ter uma jogabilidade repetitiva, embora não tanto.

Mas, apesar dos defeitos, esse segundo jogo foi um sucesso. Então, a Ubisoft decidiu que a história de Ezio ainda não havia terminado e o jogo que foi lançado em 2009 deu origem a mais duas continuações, Assassin’s Creed Brotherhood, lançado em 2010, e Assassin’s Creed: Revelations, lançado em 2011. Assassin’s Creed: Brotherhood ainda é considerado por muitos o melhor jogo da série. Essas duas continuações expandiram o universo dos assassinos e fecharam o arco de Ezio, tornando-o um dos personagens mais famosos da geração passada. Podemos dizer que a saga de Ezio foi um sucesso, mas o formato de um jogo por ano estava desgastando a série. Do ano do seu primeiro jogo até 2011, já haviam saído 4 jogos.  O sentimento de novidade já havia passado há muito tempo!

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Em 2012, a Ubisoft lança Assassin’s Creed III, dando continuidade às gerações de assassinos. O jogo criou certa expectativa antes de seu lançamento, seria o primeiro da série a se passar nos Estados Unidos e prometia algo bem diferente do que já havíamos jogado até ali. E de fato, a ambientação era bem diferente dos jogos anteriores, mas não demorou muito até todos perceberem que era só o mesmo jogo com um mapa diferente e uma história que ia ficando mais confusa e desinteressante a cada missão.

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Talvez, de todos os jogos após Assassin’s Creed: Brotherhood, o que trouxe o maior ar de novidade foi Assassin’s Creed: Black Flag, lançado em 2013. Dessa vez acompanhamos a história de Edward Kenway, pai do vilão de Assassin’s Creed III Haytham Kenway, que se torna um assassino após pegar a roupa de um assassino morto em uma ilha. Edward não teve treinamento, vestiu a roupa e já era um assassino. Claro que a história não é contada nessa simplicidade, mas é a melhor maneira de resumir as histórias genéricas de Assassin’s Creed, que servem só para justificar as missões do jogo. Neste jogo podemos navegar pelas ilhas do Caribe com o navio pirata de Edward Kenway. E é aí que encontramos a maior novidade: as batalhas de navio, as caças aos tesouros e a sensação de poder ser um pirata. Black Flag é tido por muitos como um dos melhores da série. E de fato é!

Assassins Creed Unity

Com a chegada da nova geração, muito se esperava de um próximo Assassin’s Creed. Gráficos inovadores, jogabilidade renovada, as possibilidades eram infinitas. O público estava disposto a esperar mais por um jogo melhor, mas já em 2014 foi anunciado Assassin’s Creed: Unity, que aparentemente foi lançado às pressas para cumprir o prazo de lançamento, o que resultou em diversos bugs que geraram polêmicas e viraram piadas na internet. Unity se passava na revolução francesa e conta a história de Arno. Mas o que a Ubisoft prometia ser uma nova fase para a franquia, acabou por ser só um jogo genérico e sem alma.

Assassins Creed Syndicate

Os problemas com Assassin’s Creed Unity foram tantos que acabaram por prejudicar o lançamento do próximo jogo, Assassin’s Creed: Syndicate. Este, por sua vez, ambientado na Inglaterra da era Vitoriana.

Com o “fracasso” de Assassin’s Creed: Syndicate, a Ubisoft decidiu dar um tempo para desenvolver o próximo jogo da franquia. Essa é uma decisão que já deveria ter sido tomada há muito tempo. A franquia vinha se enfraquecendo a cada jogo, uma vez que o próximo era só a repetição do anterior em uma roupagem nova. As histórias não tinham mais apelo, os mistérios eram confusos. Alguém consegue entender 100% da história que se passa no presente/futuro? Acho que não, nem a própria Ubisoft! E é por isso que jogo após jogo, ela foi sendo deixada de lado. E todo esse desgaste na franquia se dá por essa obrigação de se ter um jogo por ano. A equipe criativa não tem tempo de se preparar para um novo capítulo, organizar suas idéias, buscar inovações. Eles simplesmente seguem fazendo o mesmo trabalho, de maneira mecânica, criando o mesmo jogo diversas vezes.

A maior falha da franquia foi não ter dado tempo para a série respirar, para o público sentir falta, para que ela fosse repensada e transformada. Com medo do esquecimento e com foco mais em quantidade que qualidade. Em 8 anos Assassin’s Creed já tem quase 30 jogos, entre AAA’s e spin offs para celulares e portáteis. Isso mostra que há um excesso de jogos da franquia no mercado em um curto espaço de tempo, o que sem dúvidas, acaba por banalizar toda a experiência. Diferente de jogos como Zelda, Metal Gear ou Grand Theft Auto, que levam o tempo que for necessário para se criar uma experiência nova, que marque e se mantenha relevante. Cada uma dessas franquias citadas, leva em média 5 anos entre um jogo e outro, e isso não faz com que elas sejam esquecidas, muito pelo contrário, a cada ano que passa o hype vai aumentando até culminar em um lançamento que, na maioria das vezes, compensa toda a espera.

O que faltou à Ubisoft foi saber cuidar de sua propriedade intelectual, dar a ela o devido respeito e principalmente o devido descanso.

Esperamos que com esse tempo a mais, que ainda é um espaço muito curto, a empresa repense sua franquia, analise suas falhas e busque trazer uma experiência que se destaque dos outros jogos. Aqui a expressão “Em time que ganha não se mexe” não cabe. Queremos jogos que nos tirem de nossa zona de conforto, que nos levem a uma aventura, que arrisquem nossos “lifes” ante o desconhecido. Video Game é sobre vencer desafios, desafios cada vez maiores e não enfrentar sempre os mesmos, portanto é irônico que uma grande empresa de games tenha se acomodado. 

Esperamos que Ubisoft saiba que os gamers esperarão o tempo que for necessário por um jogo de qualidade. Vide o caso de Uncharted que tem sido constantemente adiado sem perder o apoio de seus fãs. Qualidade é o que queremos. 

E você, queria que a série desse um descanso ou já esperava um jogo logo em 2016? Comente!

 

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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