Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi (Sem Spoilers)

Desde o retorno de Star Wars pelas mãos da Disney, muitos fãs permaneciam incertos em relação ao futuro da franquia. Enquanto alguns amaram O Despertar da Força, outros criticam o filme por ter repetido a fórmula apresentada em Uma Nova Esperança. Contudo, Rogue One mostrou o quão disposta a Casa do Mickey está a arriscar e renovar a fórmula da franquia, sem perder a sua essência. E agora, com Star Wars: Os Últimos Jedi, a Disney mostra toda sua ousadia e paixão pela saga.

Dando continuidade aos eventos de O Despertar da Força, Os Últimos Jedi é o capítulo com menor salto temporal em relação ao seu antecessor. Deste modo, os ganchos do filme anterior rapidamente encontram sua resolução, mas não sem brincar com os sentimentos do espectador.

Diferente de seu antecessor, Os Últimos Jedi apresenta uma trama inteiramente nova e fresca, sem se apoiar em fórmulas ou repetir o que já foi feito. O longa é uma experiência diferente de tudo que já foi visto dentro no universo. Sem medo de ousar, o filme entrega momentos memoráveis e intensos, se tornando um dos mais marcantes da saga.

Sem a necessidade de introduzir a “nova geração”, o filme se mostra muito mais livre que O Despertar da Força. Sabendo aproveitar bem os seus personagens, o filme constrói uma trama ampla, diversificada e intensa. A forma como o filme consegue dividir seus arcos e convergir em uma trama maior é extremamente competente.

Desta vez, sem mistérios ou enrolações, o público tem o tão sonhado reencontro com Luke Skywalker, que excede todas as expectativas. Mark Hamill entrega uma versão mais densa e amarga do personagem, de forma nunca antes vista. O mesmo pode ser dito da saudosa Carrie Fisher como Leia Organa, que emociona todas as vezes que aparece na tela. Os personagens antigos são extremamente valorizados e muito bem utilizados, mas sem ofuscarem os novos.

O desenvolvimento dos novos personagens, em especial Kylo Ren e Rey, é extremamente competente. O filme consegue explorar diversas nuances no crescimento dos dois de maneira envolvente e imprevisível (ou quase isso). A relação entre os personagens é muito bem trabalhada, manipulando as expectativas do público bem como os sentimentos. É nestes dois personagens que está o coração da história.

Contudo, Os Últimos Jedi tem alguns deslizes. Um dos pontos que podem incomodar o público é o excesso de piadas. Obviamente, Star Wars sempre teve humor. No entanto, existe um excesso notório no longa, onde diversas piadas aparecem fora do tom e acabam quebrando tensões de maneira um tanto frustrante. A experiência não é prejudicada pelo excesso de piadas, mas alguns momentos poderiam ter se beneficiado pela ausência destas.

Algo digno de se elogiar no filme é a sua coragem. Os Últimos Jedi não tem medo de arriscar e de levar a trama para frente. Com alguns dos acontecimentos mais marcantes da franquia, fica clara a confiança depositada em Rian Johnson, diretor do longa, e a liberdade que os roteiristas tiveram para tocar a trama. As coisas acontecem, o cenário muda e o “gosto de quero mais” é uma certeza. O filme, em diversos momentos, consegue inovar, seja visualmente ou narrativamente. Johnson constantemente traz certos detalhes que ainda não haviam sido vistos nos 8 filmes da franquia, o que traz um frescor para a saga.

Os Últimos Jedi é, sem dúvidas, um dos filmes mais diferentes, emocionantes e intensos da franquia. Sem perder a essência de Star Wars, o filme apresenta algo inteiramente novo e  absolutamente surpreendente. Não existe o medo de mexer no que é “sagrado” para a franquia, as coisas mais surpreendentes acontecem, quer o público esteja preparado ou não. Respeitando o passado da franquia, o filme abre as portas para o futuro, mostrando que nada mais será o mesmo.

Star Wars: Os Últimos Jedi está em cartaz nos cinemas.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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