Crítica | Mulher-Maravilha

Depois de alguns filmes que dividiram público e algumas escorregadas da DC, a expectativa para o filme da Mulher-Maravilha, que além de carregar o peso de ser “uma das últimas chances da DC nos cinemas” também carrega a responsabilidade de ser o primeiro filme baseado em uma heroína de quadrinhos nos cinemas, era grande mas com certa desconfiança do público.

Contudo, desde as notícias das primeiras exibições do longa, o retorno tem sido muito positivo, o que tem ajudado a aumentar o hype e deixado os fãs mais esperançosos de que a DC possa estar entrando no caminho certo para se firmar de uma vez nos cinemas. Mas será que o filme realmente é isso tudo?

Com o objetivo de mostrar o passado da Mulher-Maravilha, o filme traça a origem da heroína desde a sua infância em Temiscira até o momento onde Diana Prince vem para o mundo dos homens para se tornar o símbolo que todos conhecemos.

Apresentada neste universo pela primeira vez em Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, alguns elementos do background da personagem foram expostos naquele primeiro filme de um modo fora de contexto, apenas para apontar a existência de um passado para a misteriosa heroína. Agora, com a chegada de seu filme solo, muito do que já havia sido mostrado ganha mais sentido, o que agrega valor ao filme de Snyder, enquanto ajuda a tornar a Mulher-Maravilha ainda mais importante para este universo.

A ambientação de Temiscira, local onde Diana cresceu, é simplesmente espetacular. Com cenários estonteantes e a exposição da cultura diferenciada das amazonas, a mitologia da Mulher-Maravilha começa a ser desenhada desde o filme, onde as personagens constantemente trazem elementos mitológicos à trama, de modo a tornar tudo ainda mais incrível.

Quanto à personagem principal, Gal Gadot está excelente como a Mulher-Maravilha. A atriz consegue mesclar as nuances da personagem que em momentos consegue ser feroz e agressiva e em outras ocasiões demonstra ternura e compaixão. Gadot consegue ir de um extremo ao outro sem sacrificar a essência ou espontaneidade de sua personagem.

O mesmo pode ser dito de Chris Pine como Steve Trevor, que é tão protagonista quando a heroína que dá nome ao filme. Apesar de sua atuação não ser muito diferente dos outros papéis que costuma fazer, Pine funciona muito bem como o espião que quer colocar um fim a guerra.

Além de toda a ação, aventura e comédia, o filme também se propõe a trazer um discurso engajado sobre o empoderamento feminimo e igualdade de gênero, o que é feito de maneira muito competente, sutil e impactante. O discurso é constante, contudo ele pode vir de maneira subjetiva, em pequenas linhas de diálogos ou de um modo muito mais expositivo.

Contudo, diferente do que se esperava, a parte mais expositiva, que seria a Mulher-Maravilha confrontando a sociedade machista trazendo a sua bagagem de um mundo criado por mulheres acaba sendo muito menor do que se esperava, cabendo espaço para mais. De todo modo, o discurso se faz presente e funciona muito bem, em função do roteiro sem se tornar algo excessivo ou fora de contexto.

Patty Jenkins, diretora do filme, conseguiu trazer um novo olhar sobre o universo DC que equilibra muito bem os momentos mais sombrios com as cores e os momentos mais leves. O filme é diferente de tudo que a DC mostrou até aqui, o que só enfatiza o potencial que estes personagens possuem. Mulher-Maravilha é a prova que o Universo DC pode funcionar sim, só depende de alguém que entenda os personagens, o universo e seu público.

Com pequenas barrigas no roteiro, um confronto final pouco inovador, e uma falta de sangue que às vezes pode despertar atenção, o filme tem seus pecados, mas não é nada que tire o brilho da produção. O vilão é extremamente interessante, apesar de um pouco esquecível. Quando revelado, este não faz jus a toda a magnitude de sua construção ao longo da trama. No entanto, este ainda funciona e cumpre seu propósito de maneira satisfatória.

Mulher-Maravilha é um grande, se não o maior, acerto da DC. Um filme que entretem, que entende seu personagem, sua origem e o trata com respeito. É o exemplo de filme que funciona em função do personagem e não um personagem funcionando em função do filme. Com poucos easter eggs do universo DC, o filme é inteiramente focado na personagem principal. Aqui não há deturpação da essência do personagem para funcionar em uma estética diferente, seja mais densa e sombria ou galhofa, o filme cria o ambiente perfeito para a Mulher-Maravilha ser quem ela é.

Mulher-Maravilha chega aos cinemas no dia 01 de Junho.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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