Crítica | Liga da Justiça (Sem Spoilers)

“I know you, you know me

One thing I can tell you is you got to be free

Come together, right now…”

(Come Together – The Beatles)

Depois de um começo cheio de tropeços, parece que o Universo Estendido da DC começa a caminhar com mais segurança. Com filmes que dividiram o público e a crítica como Batman Vs Superman e Homem de Aço, e filmes que foram quase uma unanimidade negativa como Esquadrão Suicida, as coisas pareciam perdidas para a DC.

Contudo, com o sucesso de Mulher-Maravilha, uma esperança voltou a reinar no futuro da DC. Assim, o filme da Liga da Justiça precisa ser mais do que apenas a primeira reunião da equipe nos cinemas, precisa ser a confirmação de que DC tem um belo futuro nos cinemas.

Felizmente, o filme cumpre o seu objetivo de maneira extremamente competente. Liga da Justiça consegue consertar alguns erros cometidos em filmes passados e empolgar o público quanto ao futuro da franquia.

Ambientado pouco tempo depois de Batman Vs Superman, o filme não demora muito em colocar sua trama principal em ação. Por se tratar de um filme de equipe, Liga da Justiça sabe que precisa equilibrar bem o seu tempo. Deste modo, pouco tempo se perde com introduções longas que pouco acrescentariam ao conflito real. O filme conta com um ritmo dinâmico, sabendo equilibrar os arcos de cada personagem em coesão com a equipe.

Após algumas pequenas prévias em filmes anteriores, finalmente pudemos ver os demais integrantes da Liga em ação. A versão do Aquaman, interpretada por Jason Momoa, funciona muito bem e o ator traz um carisma especial ao personagem, que sempre foi alvo de piadas. O mesmo pode ser dito do Flash de Ezra Miller, que é um dos maiores acertos do filme, funcionando como alívio cômico e como os olhos do público. Já o Cyborgue de Ray Fisher, é um personagem interessante e o mais ligado à trama principal, dada a sua origem. Contudo, o desenvolvimento do personagem acaba por ser superficial, o que o deixa mais apagado em relação aos demais.

Ben Affleck apresenta um Batman ainda melhor do que o visto em Batman Vs Superman, e com uma margem menor para polêmicas. Com uma série de inimigos genéricos e “não humanos”, o ato de matar torna-se tolerável. O herói parece mais bem resolvido do que no filme anterior, chegando a ter seus momentos de humor. Contudo, é possível notar no roteiro algumas deixas que possam corroborar a saída do ator do papel.

A Mulher-Maravilha de Gal Gadot continua agradando muito e apresentando um excelente desenvolvimento da personagem, que exerce um papel de extrema importância para a equipe. Após a sua aparição em BVS e seu bem sucedido solo, a heroína se mostra cada vez mais uma peça fundamental para o universo.

O longa é, sem dúvidas, o filme mais bem-humorado da DC até aqui. Entretanto, isso não significa que o filme tornou-se bobo. Liga da Justiça consegue inserir piadas e momentos de humor sem precisar perder a sua maturidade. Cada personagem tem seu espaço em momentos cômicos, e cada um com um tom que lhe cabe. Enquanto o Flash possui tiradas constantes, o Aquaman diverte com o seu jeito “brucutu”. Talvez, o pecado do excesso no humor surja apenas em momentos bem pontuais envolvendo o Batman, mas nada que macule o longa.

O maior ponto negativo fica para o vilão Lobo da Estepe. Contudo, isso não chega a ser uma surpresa. Em um filme que precisa introduzir personagens e unir uma equipe pela primeira vez, alguns elementos podem acabar se prejudicando. Assim, o longa apresenta um vilão extremamente superficial, com motivações pouco críveis e carisma quase nulo. Contudo, como força motriz para a união da Liga, o personagem cumpre o seu propósito.

A trilha sonora, composta por Danny Elfman, é mais um dos pontos altos do longa. Além de ajudar a compor o clima de maneira competente, as referências a trilhas icônicas são notáveis. Assim, ao mesmo tempo que acompanhamos as cenas com ar de novidade, é possível sentir uma ponta de nostalgia ao ouvir as notas de temas consagrados.

Infelizmente, o excesso de cenas exibidas durante a campanha publicitária tiraram o brilho de algumas cenas durante o longa. No entanto, o filme ainda guarda diversas surpresas que devem deixar muitos fãs de quadrinhos alegres. Não falaremos mais sobre isso para evitar spoilers, mas lembramos que o filme contém duas cenas pós-créditos.

Conclusão:

Em um universo cheio de tropeços, Liga da Justiça representa mais um passo certeiro para a Warner/DC. O filme apresenta de maneira muito bem sucedida a equipe e consegue empolgar o público para o futuro do universo. As mudanças nos personagens fazem sentido dentro do contexto mostrado e a equipe possui uma unidade crível. Apesar do relacionamento entre os heróis ter pouco desenvolvimento, fica o espaço para que relações se estreitem em futuros filmes.

Liga da Justiça é mais um acerto da DC, e a torcida é que a franquia continue seguindo este caminho. A esperança que Mulher-Maravilha trouxe foi recompensada aqui. Esperamos que o futuro traga coisas ainda melhores para estes personagens.

Liga da Justiça está em cartaz nos cinemas.

https://www.youtube.com/watch?v=H0Z7ewOXCKw

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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