Crítica | Assassin’s Creed

“Nada é verdade, tudo é permitido.”

Assassin’s Creed é uma franquia que desperta amor e ódio nos gamers. E estes sentimentos não são necessariamente excludentes, há que ame e odeie a série. Altamente estilizada, muito bem ambientada, com uma mitologia de potencial enorme, porém repetitiva, com títulos que se repetem à exaustão e alguns que foram lançados só para cumprir tabela, a franquia já mostrou seu melhor e seu pior, e sua adaptação cinematográfica. de certo modo, resume isso.

Com mais de 15 jogos, a série teve seus altos e baixos, mas não se pode negar o potencial que ainda reside na mitologia da franquia. Mesmo após tantos jogos, ainda existem milhares de sugestões  e possibilidades para futuros títulos.

Mas, a última empreitada da franquia não foi nos consoles, mas sim nas telonas. Tentando quebrar a maldição das adptações de games nos cinemas, Assassin’s Creed ganhou faz a sua tentativa por meio de uma parceria entre a FOX e a Ubisoft.

O fato da Ubisoft estar envolvida, era motivo de tranquilidade para muitos fãs, afinal, quem melhor para entender a franquia do que a própria criadora? Parece que não foi o caso.

Com uma narrativa nova, trazendo apenas elementos do que já foi apresentado nos games, Assassin’s Creed é protagonizado por Callum Lynch, descendente da linhagem dos Assassinos que acaba preso pela Abstergo.

Não entraremos em mais spoilers.

Resultado de imagem para assassins creed movies

Logo de início é possível notar como o visual do filme é acertado, como a ação é bem feita e como a mitologia da série poderia casar muito bem com a linguagem cinematográfica. O embate entre os Assassinos e os Templários poderia ser até melhor contado nas telas do que nos games. No entanto, o filme foi uma oportunidade perdida de explorar tal potencial.

Sob uma ótica de quem já jogou (quase) todos os jogos da franquia, é evidente que o “prato principal” de Assassin’s Creed se encontra no núcleo do passado onde a verdadeira ação acontece, os mistérios são solucionados e o real embate entre os Assassinos e Templários toma forma. A núcleo do presente é um artifício para servir apenas de interlúdio na trama real do jogo.

Resultado de imagem para altair ezio

Prova disso é que muitos lembrarão de nomes como Altair, Ezio Auditore da Firenze Edward Kenway, mas  nem todos se lembrarão de Desmond Miles (descendente de alguns dos mais importantes assassinos da história.).

Resultado de imagem para desmond miles

E esta é a maior falha da adaptação cinematográfica.

Obviamente, há o conflito entre Assassinos e Templários nos tempos atuais nos jogos, e este também poderia ser explorado nos cinemas, entretanto o que se espera de um primeiro filme sobre Assassin’s Creed seria o foco no período histórico, que é o core dos games, mas isso não que não ocorre.

É triste notar que Aguilar, o ancestral de Callum Lynch, possui apenas umas 4 ou 5 sequências ao longo do filme, que possui a maior parte de sua narrativa no presente. O ancestral é muito pouco desenvolvido. A verdade, é que mal chegamos a conhecer o personagem de maneira satisfatória.

Resultado de imagem para callum lynch animus

No começo é compreensível que se demore para mostrar o passado, o filme precisa criar a expectativa e o suspense, mas da metade em diante você percebe que eles não estão te preparando, eles simplesmente estão deixando de lado o que torna Assassin’s Creed único.

As atuações são “satisfatórias”, tirando alguns momentos que se mostram fracas e às vezes parece que alguns atores sequer estão encarnando os personagens.

É tudo suficiente para o filme trazer um entretenimento mediano.

Resultado de imagem para assassins creed movie

Por outro lado, os raros momentos em que o filme se passa na inquisição espanhola mostram como o filme tinha potencial para ser algo incrível. É uma pena ver um ambiente tão rico, personagens com visuais tão interessantes e toda a mitologia dos assassinos sendo usada apenas para justificar a ação do filme, já que a trama toda se desenrola no presente e o passado virou uma mera arena para saltos e lutas.

Algumas soluções visuais são bem interessantes, como a alteração do animus de sua versão original. Nos jogos é apenas uma cama que transporta a mente da cobaia para o passado, aqui é uma espécie de gancho que se encaixa à medula e exibe flashes do que a consciência do “voluntário” está experimentando.

Assassin’s Creed não é um filme ruim, tampouco é um filme bom. É um entretenimento mediano, que traz relances de algo que poderia ter sido muito bom.

Se colocarmos em perspectiva, é possível entender porque o filme não foi um acerto. Acreditar que o envolvimento da Ubisoft traria o sucesso do filme era algo ingênuo. A empresa, que lançava um Assassin’s Creed por ano, sem inovar nada, apenas “mudando a skin” para ter um título novo em seu calendário, chegando ao ponto de desgastar a franquia, mostra que nem a própria Ubi compreende o potencial da franquia que tem nas mãos.

A franquia ainda tem potencial nos cinemas, só precisa saber focar nos pontos certos.

Resultado de imagem para two and a half stars

Assassin’s Creed chega aos cinemas no dia 12 de Janeiro.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...

2 Responses

  1. Samo Fischer disse:

    quer dizer que o filme não tem DLC paga a parte?

  2. Rafael Teixeira disse:

    Nunca li tanta merda, tão de parabéns.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *