Crítica | A Chegada

“Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no Universo, ou não. Ambas são igualmente aterrorizantes.” Arthur C. Clarke

A Chegada é daqueles filmes que chegam despretensiosamente, fazem pouco barulho, mas, para quem assiste, o filme continua ecoando por dias. Isso, na verdade, é uma das coisas mais incríveis da ficção científica, o poder de estimular a reflexão, de fazer com que o leitor/telespectador questione constantemente a sua realidade, suas possibilidades e até mesmo sua própria vida. Sem falar nas reviravoltas surpreendentes e nos frequentes “nós no cérebros” que só o gênero pode proporcionar.

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Em tempos em que Black Mirror está em alta e tudo que se fala é sobre a discussão filosófica do uso da tecnologia e como esta pode degradar a humanidade, A Chegada vem oferecendo um contra ponto ao mesmo tempo em que corrobora com a série. Apesar dos avanços da humanidade, ainda temos muitos resquícios dos tempos bárbaros. Mas, ainda há esperança? Ainda somos capaz de romper as fronteiras geográficas e nos unirmos como uma única espécie?

Dirigido por Dennis Villeneuve,  A Chegada conta a história de uma visita de naves alienígenas ao redor de todo o mundo. Enquanto paira o clima de tensão e incerteza, a doutora Louise Banksuma (Amy Adams), uma lingüista especialista, é recrutada pelos militares, que são comandados pelo Coronel Weber (Forest Whitaker),  para determinar se os extraterrestres vêm em paz ou são uma ameaça. Todavia, a conversa pode não ser muito pacífica, quando todas as nações resolverem participar desse diálogo.

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Sem entregar muito sobre o enredo, o filme conta uma história extremamente intrigante e um tanto quanto inovadora para o gênero cinematográfico. Para quem vê a sinopse, o filme pode se parecer muito com um Guerra dos Mundos, ou O Dia em Que a Terra Parou, ou até mesmo Independence Day. Mas, as semelhanças param na sinopse e o filme entrega uma história muito mais complexa e profunda do que poderíamos esperar.

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Se um dia chegasse na terra uma raça inteiramente nova, cuja cultura, linguagem e origem é totalmente desconhecida pela humanidade, como poderíamos estabelecer um diálogo?

É em cima dessa questão que A Chegada vai desenvolver sua narrativa e o arco de seus personagens que são incrivelmente bem construídos. A ideia de se conhecer uma nova espécie, a busca por um ponto de interseção entre as raças para que se estabeleça contato e o mistério do que são essas naves e o que querem os seres que a habitam são alguns dos elementos que tornam este filme tão incrível. Jeremy Renner e Amy Adams formam uma excelente dupla como os especialistas que lideram a negociação por parte dos Estados Unidos.

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Para quem espera ação, guerras de naves e muitas explosões, talvez este não seja o filme mais indicado. Mas para fãs da ficção científica com toques de mistério e exploração do desconhecido, algo como Encontro com Rama de Arthur C. Clarke, este é o filme de 2016 que vai mexer com você.

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Encontro com Rama

Para os leitores de Arthur C. Clarke é possível identificar semelhanças com duas de suas obras, o já citado Encontro com Rama e o Fim da Infância. Obviamente, o filme conta uma história independente, mas vê-se claramente as influência.

A Chegada é, sem dúvidas, um dos melhores filmes do ano até o momento. Com uma narrativa intrigante e roteiro muito bem escrito. Assim como o excelente Predestination, de 2014, é um filme que chega por baixo do radar, sem chamar tanta atenção do público, mas que tem uma qualidade muito acima da média e merece ser assistido.

“Se você soubesse como seria sua vida inteira, você mudaria algo?”

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Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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